quinta-feira, 16 de janeiro de 2020


DIÁLOGO DE AMIGOS
Ela - Nossa Senhora dos poetas
Traga de volta minha poesia
Perdi em alguma gaveta do meu coração
Que está um pouquinho desarrumado.
Duas “eu”, e eu entre elas.
Ela - Dentro de minha cabeça a outra se perdeu de mim.
Não sei ao certo o que ficou e o que partiu.
Fechou-se uma porta e se abriram várias
Minha cabeça dói enquanto tento.
Desesperadamente me encontrar.
Ela - O que faço com essa transição.
Durmo eu e acordo outra
Às vezes não sei se sou eu mesma.
Está difícil conviver com essa situação.
Não me acho, quero de volta minha poesia!
Ele - Acalma-te, agita e usa uma dose de emoção.
Pega a embarcação dos poetas e se aventura.
Canta primavera materna – canções de ninar, de doce e de sal,
deixa o corpo dormir, a alma voar e o coração sentir.
A sede dos oceanos que une reúne povos e continentes.
Ela- Arcanos da poesia levem-me daqui.
Me acorde dessa inércia inútil
Abram suas asas sobre minha inspiração.
Iluminem meu coração de poeta.
Ele - Se permita ir onde você quiser, somos que nem batatas.
O melhor de nós está enterrado em nós mesmos.
Hoje ouvindo João Gilberto, os oceanos cruzam os continentes,
A noite não tem açoite, a tarde arde na leveza da voz de João
Belém é um porto seguro com entradas sem muros.
Ela - Como a chuva das duas que não falta em nossa maravilhosa Belém.
Encerramos essa conversa ao som de João e outros de nosso acervo.
Celebrando amizade. Amigos - anjos que nos salvam e inspiram beleza.
Ele- noto que a nota que cantas encanta o doce da flauta.
Traça os meus saltos mortais, na geografia do tempo traça meu plano de voou.
Vivo imerso nesse clima identidades em crises – conflitos, tensões. Mesmo assim
O corpo dorme, a alma voa, o coração aquieta a respiração.
Maria Flor e J. Gonçalves. 02.08.2014.

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